quinta-feira, 14 de julho de 2011

Como somos



Ai! Meu Pai do Céu! Esse povo inventa coisa. Foi esse o meu espanto quando me deparei com a proposta do açougue em Brasilia. O local é na W3 Sul, já conhecido pela irreverência e criatividade do seu criador. Quem iria imaginar comprar livros e revistas no meio de carne. Na Siciliano, na FNAC, qualquer coisas assim. Nunca num açougue e à noitinha. Mas a ideia é daquelas das obviedades. Como diria um professor meu, na sua lógica cartesiana: É "TNC". Tá na cara. O negócio então é importar, pois livro também se come e se aprecia.

Luiz Amorim tem uma história muito além do comum. De uma infância pobre, com tão poucos recursos e em curta vida, já conseguiu fazer muito por muita gente. Até os 11 anos anos ele engraxava sapatos em Brasília. Depois, trocou flanelas, escovas e latinhas de graxa pelo trabalho em um açougue, onde também passou a dormir. Aprendeu a ler e a escrever aos 16. E aos 18 conseguiu ler seu primeiro livro. De lá pra cá nunca mais parou.

A história de Luiz com os livros começou no mesmo açougue em que trabalhou como empregado e que depois conseguiu se tornar proprietário. Lá, entre carnes, consegiu instalar uma prateleira com 10 (dez) livros. Logo então começaram a surgir os primeiros leitores interessados e o número não parou mais de crescer. Hoje, o T-Bone, é reconhecido como o primeiro no mundo, inclusive já recebe peças teatrais, shows e eventos literários.

Incentivado pelos amigos, Luiz transformou o açougue em uma ONG, o que possibilitou o surgimento de mais um novo projeto: uma biblioteca que funciona 24 (vinte e quatro) horas por dia em 35 (trinta e cinco) pontos de ônibus de Brasília. O projeto, que possui um acervo de 24 (vinte e quatro) mil volumes, foi batizado "Parada Cultural". E foi assim que o descobri tempos atrás. Agora, Imagina a proposta da educação! Para tornar-se sócio é só estender a mão, apanhar o livro e levar consigo. Não é preciso mais nada. Não tem nada para preencher, nada pra apresentar. Acredita?  Pois é. Mas o negócio solidário funciona mesmo. O projeto registra cerca de mil empréstimos por dia. E as taxas de não devolução são baixíssimas. O que fez com que a ideia já fosse copiada por outros interessados, como o serviço de Metrô de São Paulo. E pensar que as bibliotecas públicas, com data certa para emprestar e devolver, sofrem tanto. Talvez seja porque nessas não se sabe o que se quer, enquanto naquele, ainda mais forte, o que não se quer.

Fonte:
Acougue Cultural
http://www.t-bone.org.br/








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