domingo, 31 de julho de 2011




Por Anica


Já deve ter acontecido em algum momento com você. Por conta de algum livro começou a tomar gosto pela leitura, e queria sempre mais e mais. No início qualquer coisa serve, mas o gosto começa a ficar refinado e aí as escolhas começam a se afunilar. Em uma metáfora tosca, é mais ou menos o mesmo processo que fez com que durante a adolescência você tomasse vinho Sangue de Boi achando ótimo, e hoje em dia não abre garrafa que tenha custado menos de 30 reais. O equivalente dessas “garrafas de mais de 30 reais” no mundo literário são os clássicos. A questão é que nem sempre é fácil definir o que é um clássico, que dirá quais livros são clássicos e quais não são.
E é para auxiliar tanto nessa definição, como também na apresentação de algum desses que Italo Calvino traz para os leitores Por que ler os clássicos?. O livro é na realidade uma coleção de artigos do autor, todos voltados aos grandes títulos literários. O charme dessa obra é que ela não é algo que só possa ser “digerida” por estudantes de literatura, mas tem tudo para encantar e auxiliar os leigos que estão justamente nesse ponto em que querem ampliar os horizontes literários mas ainda estão um pouco perdidos em uma selva com tantos livros já publicados ao longo dos séculos.
Por que ler os clássicos? abre justamente buscando responder a questão do que é um clássico. É interessante acompanhar o raciocínio de Calvino, que passo a passo formula definições, que vão evoluindo conforme são explicadas. Essa primeira parte do livro já conquista a atenção, porque mostra o que há de melhor no estilo de Calvino: abordar um assunto profundamente, mas sem para isso ser um pedante chato como acontece em textos de especialistas.
Depois de formulada a resposta para essa pergunta, e concluído que ler clássicos é melhor do que não os ler (parece óbvio, mas às vezes esquecemos disso), começa então uma série de artigos sobre obras e autores, partindo de Homero até chegarmos em Cesare Pavese, passando por autores que são figurinhas carimbadas quando se fala em clássicos, como Dickens, Tolstói, Balzac e Voltaire; além de outros nem sempre lembrados (ou pelo menos não tão óbvios) como Pasternak e o italiano Montale.
A partir disso é possível aproveitar os artigos de Calvino de duas maneiras. A primeira, caso você já conheça a obra ou o autor discutido, como uma forma de refletir a leitura que já fez. A segunda, caso ainda não conheça, é como uma lista de livros ou escritores  imperdíveis. Voltando à metáfora dos vinhos, pense em Italo Calvino como um sommelier legal que indica o que há de melhor sem necessariamente te tratar como um idiota que não entende nada sobre o assunto.
Dos artigos o meu favorito foi o de Dickens, sobre Our Mutual Friend. Ainda não tive a oportunidade de ler essa obra, mas fiquei extremamente curiosa a partir da descrição e dos comentários elaborados por Calvino, especialmente a abertura do artigo. Também fiquei com vontade de reler a Odisséia de Homero, até porque algumas questões levantadas passaram batido por mim quando li a obra pela primeira vez. E acredito que são esses casos que ilustram bem o quanto Calvino pode agradar tanto quem já conhece os livros dos quais ele fala, quanto os que estão buscando indicações do que ler.
Até porque o autor fala de literatura de forma bastante apaixonada, a verdade é que Por que ler os clássicos? tem todas as qualidades para inclusive se encaixar na primeira definição de clássico que Calvino nos dá: um clássico é aquele livro sobre o qual você normalmente escuta as pessoas dizendo “estou relendo”, nunca “estou lendo”. Indispensável mesmo, para qualquer um que tenha começado a se aventurar pelo caminho da literatura.


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Sobre Anica

Bacharel em Estudos Literários pela UFPR, Especialista em Ensino de Línguas Estrangeiras Modernas pela UTFPR, professora de Língua Inglesa e mãe. Tem uma quedinha descarada por filmes e livros de horror, de preferência os com zumbis. Pode ser encontrada também no .:Hellfire Club:., no Ministry of Zombie Walks e no Blog do Arthur.


Fonte:

sábado, 30 de julho de 2011

Bibliocicleta




Olha só que ideia boa (e barata). Podem até dizer que essa estória de Biblioteca Comunitária não é mais novidade, mas itinerante, essa até que é nova. E até  poderia ser batizada "Biblioteca Mambembe".

O vídeo surgiu de uma trabalho de conclusão do curso de Design da Escola de Belas Artes da UFBA. A criação surge a partir de uma demanda do Água Comprida – Fórum Permanente de Cultura de Simôes Filho, intituição sem fins lucrativos que trabalha em prol da produção artística e cultural da cidade. O Fórum precisava dar um destino nobre para livros que foram arrecadados a partir de doações de amigos e pessoas interessadas na democratização da leitura por via de uma biblioteca comunitária. O projeto da biblioteca comunitária precisou ser adiado, e por isso surgiu a necessidade de criar uma biblioteca itinerante para dar destino aos livros que foram doados com tanta boa vontade, e para que eles começassem a circular nas mãos daqueles que são privados do benefício da leitura.

O projeto foi todo baseado na utilização de recursos humanos e materiais disponíveis. 90% da materia prima utilizada veio das ruas, e a mão de obra foi toda voluntária. Também foi considerada, a leveza, resistência, e a possibilidade de replicação, para que possa ser produzido em qualquer comunidade que se interesse e por qualquer pessoa.

Fonte:

sábado, 23 de julho de 2011

Livros de Paulo Freire disponíveis para download gratuito | Portal EcoDebate





Os adeptos de Paulo Freire têm agora a disponiblidade de baixar gratuitamente na internet, inclusive o clássico Pedagogia do Oprimido. Algumas de suas obras são consideradas preciosidades. São livros importantíssimos de um pensador brasileiro comprometido profundamente com as causas sociais.

O material é inovador, criativo, original e tem importância histórica inédita. Para os profissionais e pesquisadores de comunicação a obra Extensão ou Comunicação é, praticamente, obrigatória.


Continue lendo:

Livros de Paulo Freire disponíveis para download gratuito | Portal EcoDebate

terça-feira, 19 de julho de 2011

Obra social de André Araújo revisitada



Saiba Mais:

LIVROS ONLINE II: Lúcia Puga - Obra social de André Araújo revisitad...: "Lúcia Puga - Obra social de André Araújo revisitada Obra social de André Araújo revisitada Lúcia Puga Num momento em que se discutem no..."


Redução da pena por tempo de estudo




Quem recorda daquela regrinha de aplicação da lei penal no tempo para beneficiar o réu, vai poder exercitá-la com a nova Lei 12.433/2011. Essa nova disciplina trouxe alterações positivas na Lei de Execução Penal (Lei 7.210/1984), especialmente quanto à posibilidade da remição da pena em razão do tempo dedicado ao estudo.

A bem da verdade, o assunto não é novo. Já  era tratado tanto pela jurisprudência como pela Súmula 341 do Superior Tribunal de Justiça. O problema é que não se tinha qualquer critério para que o juiz pudesse se conduzir.

O problema então foi superado com a novidade legislativa. De acordo com o novo artigo 126 da LEP, o condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semi-aberto poderá remir um dia da pena fixada para cada doze horas de frequência escolar.

Entenda-se também que a atividade de estudo não está vinculada ao ensino formal. Mas abarca qualquer outra atividade que contribua para a requalificação do preso e que o prepare para o convívio social. A única exigência é que exista certificação pelo órgão de educação.

Observa-se também que as doze horas devem ser divididas, no mínimo, em três dias.

A nova lei ainda acrescenta mais cinco parágrafos ao mencionado artigo, especificando a matéria (que tipo de estudo será aceito, como deverão ser compatibilizados estudo e trabalho, ampliação do benefício no caso de conclusão de ensino etc.), bem como trazendo as seguintes inovações:

1) O novo parágrafo sexto, sobre a possibilidade de o condenado a comprimento de pena em regime aberto ser beneficiado ou mesmo aquele que estivesse em livramento condicional;

2) Não só o Ministério Público, mas a defesa também agora deve ser ouvida pelo juiz da execução para aplicação do benefício;

3) O juiz poderá revogar até 1/3 (um terço) do tempo remido em caso de falta grave. Lembrando que a antiga redação impunha a perda total dos dias remidos.

Excelente política criminal, pois atende o apenado,  a sociedade e o Estado. Recorde-se que a finalidade da pena sempre será  a da ressocialização do preso e não a punição pura e simples. Infelizmente a nossa realidade carcerária é que nunca atendeu o fim útil da ideia.

Para o Estado o desafio  continua  sendo  o maior. Agora deverá implementar as condições do benefício aos que cumprem a pena em regime fechado.  Uma solução poderia ser as parcerias com estabelecimentos que fazem uso adequado da tecnologia à distância.  De qualquer forma, pensamos, já é um bom começo.


Saiba mais:

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Pode Aplaudir


Adorei essa ideia da biblioteca dos garis pela ONG Educa São Paulo. Uma novidade aliás que não é tão nova. Imagine se fosse adotada por  mais organizações a fim de aproveitar aquele tempinho de folga  inútil.  Pense num bem que iria fazer! As públicas, então, onde o desperdício ainda é maior, que bem faria. 

A ideia é boa e de fácil rima. Uma intervenção cultural para promoção pessoal, profissional e social. E muito apropriado o título da Almanaque Brasil (n. 113, de setembro de 2008), que coincidentemente lhe fez referência pela comemoração do dia internacional da limpeza: Pode Aplaudir. Uma leitura rápida, popular, mas de excelente conteúdo, capaz de despertar no leitor o apetite da descoberta.

Eis a matéria na íntegra, como sugestão aos  gestores que querem fazer a diferença:


Vassouras e Livros em Punho
Garis tiram a poeira das antigas lições para mergulhar nas letras

Por Laís Mota

De vassouras nas mãos, agilidade nos pés e uniforme alaranjado, os garis se espalham pelas ruas das cidades. São especialistas em limpar a sujeira deixada pelos outros. No centro da capital paulista eles se reúnem para o almoço ou a troca de turno no alojamento dos garis. Para aproveitar o movimento e dar oportunidade a esses homens e mulheres, a ONG Educa São Paulo instalou ali, há três anos, uma biblioteca comunitária.

A sala novinha, recheada com quatro mil exemplares de livros, jornais e revitas logo chamou a atenção. Era só sobrar um tempinho entr um faxina e outra que alguém apareceria para folhear um capítulo. Mas ficava só nisso: clássicos da literatura, romances, suspences permaneciam nas prateleiras. Os organizadores da biblioteca perceberam que, apesar de muitos garis terem o Ensino Médio completo, alguns não conseguiam sequer ler as manchetes dos jornais. São os chamados analfabetos funcionais, aqueles que conhecem as letras mas não conseguem interpretar as frases.

Foi então que a ONG fez uma parceria com a PUC de São Paulo. Os alunos da universidade tornaram-se professores voluntários. A bliblioteca virou sala de aula com 120 garis matriculados, seduzidos pela ideia de tirar a poeira das antigas lições.

A aula de reforço abriu o mundo da literatura para os servidores do centro. Os livros agora viajam pela cidade. Substituem as vassouras e limpam a mente de quem limpa São Paulo.


Saiba mais:
ONG Educa São Paulo: (11) 3107-5470

domingo, 17 de julho de 2011

Fundação Oscar Araripe recebe João Carlos Assis Brasil



Apresentação no Youtube:

Considerado um dos grandes pianistas brasileiros da atualidade, João Carlos Assis Brasil se apresentou na Fundação Oscar Araripe, sábado, 14. Em memorável recital, fez vibrar a plateia vip que lotou o auditório da Fundação e se acomodou junto ao telão na Ladeira da Matriz, interditada para a noite histórica. Gigante pela extensão de seu talento, foi muito além do que se poderia esperar de um concertista internacional encantando a plateia com seu apuro técnico e improvisação criativa impecável e inusitada. No programa, estudos de Villa-Lobos, tributos a Tom Jobim, Victor Assis Brasil, Chiquinha Gonzaga, Ernesto Nazaré e trilhas de filmes famosos. Apoteótico, finalizou mesclando Asa Branca (Luiz Gonzaga) e Trenzinho Caipira (Villa-Lobos) em interpretação que evidenciou não só a formação clássica aperfeiçoada em Londres, Paris e Viena, mas o tempero de quem tem intimidade com a música popular brasileira. Por mais de quatro vezes chamado de volta ao piano pelo entusiasmo dos aplausos, brindou os presentes com um apanhado de cantigas de roda e canções populares trabalhadas criativamente pela ousadia de sua arte. Destaque para sua interação com o público, em breve explanação sobre cada peça, atendendo até a pedidos. Presenças Noite de grandes presenças, estavam lá o fotógrafo Bem Batchelder, que prepara livro de fotos em parceria com a Fundação Oscar Araripe e a Bei Editora, Regina e Wainer Ávila, Rosária e Ronaldo Simas, Fátima e Roberto Maldos, o cantor francês Bernardc Fines, Alan e Patrícia Gandra, Angela e Guilherme Bisneto, Leda e Augusto Sampaio, vice-reitor de Assuntos Comunitários da PUC-Rio, Afrânio, e Selma Albuquerque, o escritor Júlio César Machado, Maria Lídia e Ricardo Montenegro, Maria José Boaventura, Wangui, Antônio Damasio, Dani-ela Aragão, Rute Pardini e Francisco Braga, Josiler Magno Reis, Victoria e Leonor Gomes, Denise e Rodrigo Maia, Líria Palombini, entre muitos outros. O pianista saudou o esforço de Sérgio Costa e Silva, idealizador do Música no Museu, e anunciou ter aceito o convite da Universidade de Salamanca, na Espanha, onde dará curso sobre música Brasileira, Villa-Lobos, em especial. Cidinha Araripe, presidente da Fundação, diante da sala super lotada, oportunamente anunciou as obras de ampliação do local, que contará com 140 lugares assentados, além de telão e cine-arte.


quinta-feira, 14 de julho de 2011

Como somos



Ai! Meu Pai do Céu! Esse povo inventa coisa. Foi esse o meu espanto quando me deparei com a proposta do açougue em Brasilia. O local é na W3 Sul, já conhecido pela irreverência e criatividade do seu criador. Quem iria imaginar comprar livros e revistas no meio de carne. Na Siciliano, na FNAC, qualquer coisas assim. Nunca num açougue e à noitinha. Mas a ideia é daquelas das obviedades. Como diria um professor meu, na sua lógica cartesiana: É "TNC". Tá na cara. O negócio então é importar, pois livro também se come e se aprecia.

Luiz Amorim tem uma história muito além do comum. De uma infância pobre, com tão poucos recursos e em curta vida, já conseguiu fazer muito por muita gente. Até os 11 anos anos ele engraxava sapatos em Brasília. Depois, trocou flanelas, escovas e latinhas de graxa pelo trabalho em um açougue, onde também passou a dormir. Aprendeu a ler e a escrever aos 16. E aos 18 conseguiu ler seu primeiro livro. De lá pra cá nunca mais parou.

A história de Luiz com os livros começou no mesmo açougue em que trabalhou como empregado e que depois conseguiu se tornar proprietário. Lá, entre carnes, consegiu instalar uma prateleira com 10 (dez) livros. Logo então começaram a surgir os primeiros leitores interessados e o número não parou mais de crescer. Hoje, o T-Bone, é reconhecido como o primeiro no mundo, inclusive já recebe peças teatrais, shows e eventos literários.

Incentivado pelos amigos, Luiz transformou o açougue em uma ONG, o que possibilitou o surgimento de mais um novo projeto: uma biblioteca que funciona 24 (vinte e quatro) horas por dia em 35 (trinta e cinco) pontos de ônibus de Brasília. O projeto, que possui um acervo de 24 (vinte e quatro) mil volumes, foi batizado "Parada Cultural". E foi assim que o descobri tempos atrás. Agora, Imagina a proposta da educação! Para tornar-se sócio é só estender a mão, apanhar o livro e levar consigo. Não é preciso mais nada. Não tem nada para preencher, nada pra apresentar. Acredita?  Pois é. Mas o negócio solidário funciona mesmo. O projeto registra cerca de mil empréstimos por dia. E as taxas de não devolução são baixíssimas. O que fez com que a ideia já fosse copiada por outros interessados, como o serviço de Metrô de São Paulo. E pensar que as bibliotecas públicas, com data certa para emprestar e devolver, sofrem tanto. Talvez seja porque nessas não se sabe o que se quer, enquanto naquele, ainda mais forte, o que não se quer.

Fonte:
Acougue Cultural
http://www.t-bone.org.br/








Arca das Letras



Quem acredita no poder da Educação precisa saber mais sobre esse projeto muito bem batizado como "Arca das Letras".  A proposta é criar pequenas bibliotecas em áreas rurais carentes como incentivo à leitura. Os  próprios moradores são os voluntários na ação.  De uma forma simples, recebem pequenas arcas  do Governo Federal (cheinha de livros). A lição que assistimos no vídeo, veja só!,  vem do Ceará (Itapipoca) - que não perde tempo mesmo.  Como se  não bastasse a  ideia ser boa e já testada,  ainda serve como política criminal. As  arcas são confecionadas  por penitenciários que encontram na marcenaria uma forma de redução da pena e de humanização, pois também recebem uma arca do projeto.  Temos então é que aprender com quem já tem muitas lições pra contar.


sábado, 9 de julho de 2011

Ouvindo Melhor

Cavalleria rusticana - Intermezzo

 


O Clássico das Orquestras


Musica. Tradução evidente dos sentimentos oníricos e reais em nossas vidas. Quem, por mais desafinado ou descompassado que seja, não tenha tentado uma ou duas estrofes de uma música popular de sucesso, ou mesmo alguns trechos das obras dos grandes autores.
'Tam, dam, dam, dam... tam, dam, dam dam...'



Assim, começa o primeiro compasso da 'Quinta Sinfonia' de Beethoven, um dos clássicos mais conhecidos mundialmente. 'As Quatro Estações', de Vivaldi, as suítes da Tchaikovsck, os noturnos de Liszt e os pianos de Chopin e Debussy, dentre muitos outros.


Contudo, a perfeita condução para estas belas e bem escritas obras se deve única e exclusivamente ao grupo de outros artistas que, em perfeita união, edificam a grandeza da criação dos grandes autores.


Como mensurar a importância de uma orquestra?


A reunião, no palco, dos mais de uma centena de músicos, nos dá a dimensão do quanto é importante a disciplina e a interação de cada componente.


Na sua composição, uma orquestra sinfônica, reúne os mais variados instrumentos para a perfeita união dos sons e para o avivamento das obras executadas. O conjunto de cordas, composto por violinos, violas, rabecas, celos e contra-baixo acústico, pianos, pianolas, cravos e harpas. Na sequência, temos o grupo dos metais, que é composto pelos instrumentos de sopro. São os clarins, clarinetes, cornetas, pistons, trombones, saxofones, trompas e tubas. Estas últimas servem para destacar um tom mais solene às execuções.


Neste grupo ainda entram outros instrumentos que, por não serem de metal, fazem parte do grupo de sopro. São os oboés, os fagotes e as ocarinas. Os dois primeiros são confeccionados em madeira especial que permutem uma ressonância musical muito boa. Já a ocarina, esta é confeccionada em terracota especial, que é uma espécie de barro.


Ainda fazem parte dos metais as flautas, o bombardino, que é uma espécie de tuba mais aguda e os pífanos.


Na percussão, temos o grupo de tímpanos, tambores, pratos e os acessórios de fundo como os tíbales, triângulos, sinos, vibrafones e xilofones, dentre outros inusitados.


Diante de toda essa parafernália de instrumentos está a figura máxima do regente ou maestro. Condutor de cada etapa da apresentação, cabe à ele definir o momento exato para a 'entrada' de cada instrumento na execução musical. Um bom exemplo disto está na obra de Maurice Ravel, em seu 'Bolero'.


Esta peça musical, tem seu compasso repetitivo à cada um dos instrumentos da orquestra, sendo que, os repiques da percussão são constantes desde o início, até o final.


Esta obra tem a duração de dezessete minutos e, embora seja de compasso repetitivos, como já disse, não é monótono e prende o ouvinte pelo lirismo e suavidade de sua execução. Cada instrumento é adicionado individualmente e é aí que se nota a importância de cada um deles, no diferencial de seus tons.


O grande ápice desta obra se concretiza já próximo do final quando, com vigor, há a reunião de todos os instrumentos e é concretizado o seu desfecho.


Vale a pena ouvir e 'interpretar', pelo menos mentalmente, a beleza de uma orquestra sinfônica e desfrutar da magia musical que só é possível com muita disciplina e interação.


Que bom se o mundo fosse como uma orquestra e buscasse, como na música, o melhor entendimento para resolver os seus problemas.


Escrevi este artigo, mentalizando a obra do próprio Maurice Ravel, intitulada 'Daphne & Cloé - Suíte nº 2', que recomendo.
Kenneth Parker Royce
Publicado no Recanto das Letras em 14/08/2010
Código do texto: T2437980



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A Luta do Bem Contra os Equivocados


Dança das Horas, de  Amilcare Ponchielli.
 Ópera La Gioconda


Muito conhecida a ópera La Gioconda, de Ponchielli. Em seu terceiro ato há a “Dança das Horas”, uma sátira ao balé clássico. A ideia era representar as horas do dia por um grupo de animais, como avestruzes, hipopótamos, elefantes e jacarés.  Um enxerto da peça está nesse vídeo do "Fantasia", de Disney (1940). 
  

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Que venha a luta!



Li esses dias uma matéria no Pragmatismo Jurídico sobre os 50 anos de Ernest Hemingway. Boa lembrança e justa homenagem.  Hemingway viveu intensamente o período das guerras mundiais, o que lhe permitiu descrever  tão bem os cenários e criar personagens que foram imortalizadas na Literatura, como o Velho Santiago, do premiado "O Velho e o Mar" (The Old Man and the Sea, no original de 1951, publicado em 1952 e premiado em 1953).   A obra é um clássico também já filmado sem prejuízo da linguagem literária. O enredo é a luta do homem contra a natureza, disputando sua sobrevivência, com destaque para a importância não só das reflexões pessoais e da experiência, mas também da sorte e da perseverança.  No melhor estilo jornalístico,  O Velho e o Mar é daquelas histórias que ganha o imaginário do leitor, deixando-lhe boas lições. 

Fonte:

Como Ensinar Literatura

Por Urariano Mota
  
Vocês perdoem, por favor, o título pretensioso. Por isso corrijo um pouco.

Deveria ter escrito “Como ensinar literatura para alunos colegiais”. Mas isso ainda é muito. Então esclareço desde já: tentarei escrever alguma coisa sobre a minha experiência com literatura para estudantes. E passo a anotar duas ou três coisas.
Em minhas – na falta de melhor nome – aulas, a primeira coisa que aprendi foi que não se deve falar de literatura como um produto que sai dos livros. Deixe-se isso para os professores de cursinhos, que pensam ensinar enquanto põem o pobre do estudante a decorar nomes, datas, movimentos e obras principais. Isso não é literatura, não serve à literatura, nem serve ao conhecimento. Serve a um sistema estéril e formador de burros. Não se deve jamais falar de literatura com esse nome cheio de pompa e reverência, A Literatura. Fale-se da vida, dos problemas vividos por todos nós, velhos, jovens, crianças, homens, mulheres, animais e gente. Se não for assim, será mais pedagógico contar anedotas da tradução popular de Bocage e de Camões, em lugar dos livros desses excelentes poetas.

Só se deve falar sobre aquilo que apaixona a gente. Por favor, se o professor não descobriu a lírica de Camões, se não maturou no peito Manuel Bandeira, se não vê a beleza de Ascenso Ferreira, se não é capaz de curtir e amar Machado de Assis, se não se emociona até as lágrimas com Lima Barreto, por favor, mantenha distância desses criadores. O silêncio sobre eles fará um dano menor que a citação burocrática. Melhor para o mestre seria cantar Roberto Carlos, equilibrar mesas na ponta do nariz, imitar cornetas com um pente sobre a boca, fazer graça com arrotos cavalares. Seria mais pedagógico.
Um autor deve ser apresentado a partir de um problema, vivido por todos nós. Ora, se querem saber, nada como o conto "Missa do Galo", de Machado, para todos os adolescentes. Eles entenderão até a última linha, vírgula e pontinho das reticências. Eles vão respirar todos os movimentos implícitos e insinuados da conversa da mulher solitária com um jovem. Eles são esse jovem. Eles sonham com essa noite ideal em que os espere uma senhora sozinha. Elas compreendem esse jovem e essa mulher. O conto tem todos os elementos de promessa de sexo e conflito com o pecado antes de uma missa devota.

Os contos, quando lidos, devem ser muito bem lidos. Quero dizer, com pausas, entonações, vozes, risos, pulos – o que o diabo achar necessário - como um ator de rádio. Isso quer dizer que o professor comanda a narração, faz uma leitura prévia, e pede para que ela continue em volta. Digo que começa com o professor porque nas escolas se perdeu o necessário e fundamental hábito de leitura em voz alta, todos os dias. Então é comum que um jovem estudante não saiba o valor de um ponto, de uma exclamação, de uma vírgula, de uma pausa – o valor ponderado de uma palavra em determinado contexto. Como poderão entender a maravilha de Manuel Bandeira, na infância com o coração a bater, se não souberem que a moça nua lhe fez o primeiro... ALUMBRAMENTO?

Mas entendam, a dramatização dos textos nada tem de dramático. Quero dizer, nada é artifício, artificioso, operístico, melodramático, falso. Ou se fala do que se conhece e do que se vive ou não se fala. Ponto. Deve-se falar do amor, sempre. E nisso não vai nenhum romantismo. Deve-se falar do amor, sempre, porque toda obra é a sua busca ou a sua negação, a sua falta ou plenitude. Mesmo quando se fale da guerra, da violência mais brutal, não se pode esquecer que os meninos no tráfico, por exemplo, amolecem como flores diante de suas mães. Que o bandido mais cruel é capaz de virar o mais perfeito idiota ante a mulher – ou o homem – por quem tenha amor.

Apesar de até aqui ter falado de minha própria experiência, devo terminar com duas coisas ainda mais pessoais:  

Primeira: não consigo até hoje falar de Andersen com profissionalismo, isenção e distância, quando me refiro ao conto “A pequena vendedora de fósforos”. Aquela trajetória da pequena menina que sai a vender fósforos em uma véspera de Ano Bom, nas ruas geladas de uma cidade, que vislumbra pelo vidro embaciado das janelas a ceia posta nas casas burguesas e com profunda fome fica encantada... sei não. E me fere mais, e aí não consigo ir adiante, quando Andersen realiza aquela imagem extraordinária: enregelada, morta, a pequena vendedora sobe “em um halo de luz e de alegria, mais alto, e mais alto, e mais longe... longe da Terra, para um lugar, lá em cima, onde não há mais frio, nem fome, nem sede, nem dor, nem medo”. Esse é um conto que por várias vezes tentei ler em voz alta, em aulas de português para adolescentes pobres, e por mais de uma vez não consegui. Eu lhes dizia: “adiante”, e me virava para a lousa.

Segunda: Certa vez, li para alunos com idades em torno de 11 anos o meu conto “Daniel”. Claro, expurguei os termos mais fortes, chulos, grosseiros. Quando eu li:

“Da turma, Daniel era o mais gordo. Ainda que sob protestos, ele crescera pelos lados, elastecendo um círculo de carnes. Em seu rosto largo destacavam-se sobrancelhas peludas, que se uniam simetricamente num ponto de inflexão, ficando a sobrancelha esquerda e a sobrancelha direita ligadas como asas dum pássaro, movendo-se no espaço da fronte”,

na sala não se ouvia um só riso, apenas respirações ofegantes. Então eu ia para o quadro e desenhava as sobrancelhas, à Monteiro Lobato, para eles verem.

Depois, já ao fim, quando acrescentava que Daniel raspara aqui e ali o seu estigma, e que “a cirurgia dera nascimento a dois pontos de interrogação deitados, quase dois acentos circunflexos incompletos, sem acomodação”, voltava ao quadro para desenhar os dois pequenos ganchos que ficaram no lugar das sobrancelhas do personagem.

O melhor digo agora no fim. Vocês não vão acreditar no lirismo de que é capaz a infância. Os meninos rebatizaram o conto. Em lugar de Daniel, eles me pediam sempre para ouvir, de novo, “O menino-passarinho”.

*Urariano Mota é natural de Água Fria, subúrbio da zona norte do Recife. Escritor e jornalista, publicou contos em Movimento, Opinião, Escrita, Ficção e outros periódicos de oposição à ditadura. Atualmente, é colunista do Direto da Redação e colaborador do Observatório da Imprensa. As revistas Carta Capital, Fórum e Continente também já veicularam seus textos. Autor de Soledad no Recife (Boitempo, 2009) sobre a passagem da militante paraguaia Soledad Barret pelo Recife, em 1973, e Os corações futuristas (Recife, Bagaço, 1997). 
Fonte:
Uriano Mota: Como ensinar literatura - Pragmatismo Político

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Memória e Aprendizado



Por Elmar Carvalho


Acabo de ler o livro Memória e Aprendizado. Trata-se de uma longa entrevista concedida por Assis Brasil à professora Francigelda Ribeiro. Além desta seção principal, a obra ainda contém, na segunda parte, um apêndice biobibliográfico, a cronologia de sua obra, os prêmios literários, a produção cultural, a fortuna crítica e a relação de suas antologias poéticas. Ainda no início de minha juventude, tomei conhecimento da existência do escritor, e li alguns de seus livros, sobretudo os da tetralogia e o romance Os que bebem como cães, que recebeu importante premiação. Nessa época, eu fazia parte do jornal Inovação, que lhe publicou importante entrevista, em sua edição de número 50, de 31 de outubro de 1984, concedida ao colaborador Francisco Fontenele de Carvalho, então residente no Rio de Janeiro. Nessa entrevista, perguntado sobre por que nunca voltara a Parnaíba, AB deu a seguinte resposta: “Acho que nunca voltei porque, primeiro, minha família saiu toda de lá. Segundo, vim muito moço para o Rio de Janeiro, logo que terminei o Científico em Fortaleza. Aqui o começo foi duro, eu sozinho, enfrentando tudo. Eu sofri todas as violências da cidade grande, e o que me salvou, espiritual e fisicamente, foi a literatura.”

Creio ter sido esse o início do longo e lento processo de retorno do escritor ao Piauí, conforme disse no sábado, na reunião da APL, em sua presença. No ano seguinte, AB prefaciou a antologia parnaibana Poemágico – a nova alquimia, de que faziam parte os poetas Alcenor Candeira Filho, Paulo Véras, Jorge Carvalho, V. de Araújo e Elmar Carvalho. Nessa apresentação, ele se disse surpreso com o grau de atualização e qualidade dos poetas. Esse texto foi enfeixado no seu livro de ensaios Teoria e prática da crítica literária (Topbooks, Rio de Janeiro, 1995).

Posteriormente, Assis Brasil veio participar da posse do escritor e compositor Israel Correia, como secretário da Cultura, na segunda gestão do governador Alberto Silva. Em 1995, quando eu era presidente do Conselho Editorial da Fundação Cultural Monsenhor Chaves, tive a oportunidade de contribuir para a publicação do importante livro A Poesia Piauiense no Século XX. Apresentei a proposta de publicação da obra aos conselheiros, que a consideraram da mais alta significação para a Literatura Piauiense, uma vez que conteria um longo estudo introdutório sobre a poesia do estado e notas sobre cada poeta, não apenas com dados biográficos, mas sobretudo com análise crítica. A antologia seria editada pela editora Imago em parceria com a Fundação. Em seguida, levei a manifestação do Conselho a dona Eugênia Ferraz, presidente da FCMC, que a aprovou. Recebeu ela o incentivo e o apoio do prefeito Wall Ferraz, para que a parceria editorial pudesse ser contratada.

A fim de baratearmos o custo da publicação, sugeri à presidente que contratássemos os serviços da pesquisadora Áurea Queiroz, que forneceria todos os dados e informações que o Assis Brasil solicitasse, o que foi feito de forma exitosa. Em curto espaço de tempo, a A Poesia Piauiense no Século XX foi lançada na Casa da Cultura, recentemente inaugurada pelo prefeito Wall Ferraz, que compareceu a essa memorável, bela e festiva noite literária. Sobre essa seleta, gostaria de transcrever dois pequenos trechos de duas pertinentes críticas: “O escritor, ensaísta, romancista e jornalista Assis Brasil mostra, com esta magnífica antologia, que a literatura do Piauí é um fato e que tem grande importância na literatura brasileira”. (Júlio La Barca – São Paulo.) “A poesia piauiense no século XX, com org., introd. e notas de Assis Brasil, reúne veteranos , novos e novíssimos poetas, uma visão ampla da lírica de Da Costa e Silva, Clóvis Moura, Félix Pacheco, Torquato Neto e dele próprio, Assis Brasil, autor dos mais profícuos da literatura brasileira”. (Sérgio de Castro Pinto – Paraíba.)

Como está exposto em Memória e Aprendizado, essa antologia faz parte de uma série de antologias dos estados, muitas das quais já publicadas. Se o projeto de AB pudesse ser concretizado na íntegra, seria o verdadeiro mapeamento da poesia brasileira, porquanto as chamadas antologias nacionais contemplam apenas os poetas que se tornaram conhecidos em todo o país ou, pelo menos, no eixo Rio/São Paulo, salvo uma ou outra exceção, quando sabemos que nas províncias mourejam poetas de altas qualidades, mas restritos e insulados em seu pequeno nicho territorial. Quando lemos as antologias organizadas pelo nosso Assis Brasil, percebemos que nesses estados existem vates de inquestionável valor, mas que não tiveram a oportunidade de se tornarem conhecidos no restante da pátria.

Aliás, em suas obras (paradidáticas) sobre a literatura brasileira, ele sempre deu oportunidade aos bons escritores existentes fora do eixo RJ/SP, inclusive do Piauí. Sobre esse monumental projeto de antologia da poemática brasileira, em boa parte já realizado, julgo oportuno citar dois enxertos críticos: “O trabalho de Assis Brasil no sentido de recolher poetas dos estados brasileiros é alguma coisa de excepcional. Denuncia neste gesto, neste trabalho extraordinário, seu caráter nobre e seu desejo de deixar para os pósteros, a visão panorâmica da poesia brasileira neste século”. (Yeda Prates Bernis – Minas Gerais.) “A Imago Editora acertadamente escolheu Assis Brasil para o desempenho de tão importante trabalho. A obra (esse bloco uno e único) a que Assis Brasil se propõe, é um monumento literário que honra qualquer nação.” (José Alcides Pinto – Ceará.) Arrematando esses dois comentários, devo assinalar que o antologista revelou uma extraordinária capacidade de trabalho para executar a árdua e extenuante tarefa de pesquisa, que ademais requer muita paciência, e para escrever as longas introduções e as notas que antecedem os poemas de cada vate.

Voltando ao foco inicial deste registro, devo acrescentar que li Memória e Aprendizado quase que de um só gole ou fôlego, tal o interesse que me despertou, tanto na parte mais intimista e pessoal da entrevista, em que o entrevistado conta casos de sua infância, adolescência e juventude, como na parte do “aprendizado”, em que ele fala dos escritores e poetas de sua predileção, quase como se fosse um ensaio ou conferência, tal a profundidade de seus ensinamentos e análises. Deu um grande espaço à literatura piauiense, e dentro desta reservou várias páginas aos poetas Mário Faustino e Da Costa e Silva, sobre os quais discorreu com a maestria de sempre, situando-os em alto patamar da própria literatura brasileira.

Em virtude de haver conhecido pessoalmente Mário Faustino, conta fatos inéditos ou pouco conhecidos de sua vida e militância literária. Graças a seus dotes e recursos de grande romancista, fala das mulheres, que foram importantes em sua vida, com tal vivacidade, graça e colorido, que, por vezes, me deu a sensação de estar mergulhando nas histórias de um romance. Sem dúvida, esse livro será de grande importância para os seus futuros biógrafos e críticos, porquanto fornece dados, informações e pistas de sua longa e prolífica carreira literária, pontilhada pelos importantes prêmios literários que recebeu.   


Fonte:
Blog da Rosa Nina, com link para Blog Literário (Portal 180 graus)